Singular é pouco para quem tem multiplicidade. Ímpar é pouco para quem vive em pares. Olho no espelho e ando pra trás: idade diminuta, olhos mais brilhantes, sonhos mais perversos. Não dá para ter tudo, então me resguardo na palavra. Quase igual aos outros. Quase.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Lentes de Contato
Meu auto-retrato talvez fosse um rabisco
Mas me arrisco a dizer que não sei desenhar.
Auto-retratar-se.
Autofagia.
Quem sou nessa foto?
Quantas vidas eu tenho?
Meus olhos contem mistério e afeto...
Que nome eu tenho?
Poderiam me chamar de vento
Porque tenho várias formas de movimento
Poderiam me chamar de labirinto
Porque entrar em mim mesma é não saber o caminho de volta.
Poderia se chamar silêncio
Porque meu grito ecoa além do que se pode ouvir.
Que palavra me retrato?
Que chama devo arder para me desenhar?
Devoro a mim mesma e me refaço.
Vou contar um segredo...
Não sei quem sou nesse retrato.
O intimo dos fatos,
A fotografia,
A grafia.
A rima, a poesia.
O ato.
A mola, a fresta: acato.
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