Singular é pouco para quem tem multiplicidade. Ímpar é pouco para quem vive em pares. Olho no espelho e ando pra trás: idade diminuta, olhos mais brilhantes, sonhos mais perversos. Não dá para ter tudo, então me resguardo na palavra. Quase igual aos outros. Quase.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
ADMIRO
Ele gosta das pessoas invisíveis. Muitas vezes pará o que está fazendo para conversar com elas e saber seus nomes. Não sei de que é feito essa rara criatura, mas cabe dentro dele um mundo perfeito. Quando lhe falo de amor, se assusta, logo ele que tem como maior defeito se apaixonar por tudo que vê.
Ele oscila entre a infancia. Ora é pai ou filho e em seu sorriso cabem todos os seus sonhos. Alguns perdidos, outros encontrados. Que homem é esse que se reveste de tolo e é tão complexo?
De olhos de carinho explícito, mãos macias e uma carencia quase divina, transcede as palavras, supera o céu e invade as almas.
Ele gosta de pessoas... tanto que esquece de ser timido. Muitas vezes ama tanto que esquece de se amar. Mas não esquece de ser um menino, com corpo de homem, com os pés firmes no chão de terra, correndo atrás de uma bola, o suor caindo no rosto e a vida inteira ziguezagueando em seu caminho.
Ele gosta de todos os seres e o seu maior defeito é se apaixonar por tudo o que vê.
RIDICULARIDADES
Doce espanto
te ver chorando
e saber que é amor
Doce dor
te ver saindo
e saber do teu pudor
Que frescor!
sentir tua brisa
e suas insanidades
Um tipo de demência
essa sua incoerencia
vou contigo onde for
Se é amor, oh doce amor
vai segundo seu caminho
mais torno e extraviado
Erra todos os desvios
ama feito um passário
coberto de pecados.
Doce espanto
te ver chorando
e saber que é amor
Doce dor
te ver saindo
e saber do teu pudor
Que frescor!
sentir tua brisa
e suas insanidades
Um tipo de demência
essa sua incoerencia
vou contigo onde for
Se é amor, oh doce amor
vai segundo seu caminho
mais torno e extraviado
Erra todos os desvios
ama feito um passário
coberto de pecados.
SUSPIROS NA NOITE
Eu chorei
três dias e três noites
compulsivamente
intensamente
involuntariamente
e esvaziei
qualquer amargura
tristeza ou sentimento.
Paro na janela e a chuva cai
insistentemente
copiosamente
abundantemente
e me leva com ela.
Encharco o corpo
raso e opaco
tão fosco que não me reconheço
não me assuto mais
com seus medos
não tenho nada a perder
nem essa alma pagã.
No espelho, os meus olhos inchados
abatidos e vazios
tão secos que tilitam.
Sem sorriso, chorei três dias
e três noites.
Sem vergonha, sem pudor
sem alma.
Chorei de amor que se mantém.
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