sexta-feira, 10 de outubro de 2008


SUSPIROS NA NOITE

Eu chorei
três dias e três noites
compulsivamente
intensamente
involuntariamente
e esvaziei
qualquer amargura
tristeza ou sentimento.
Paro na janela e a chuva cai
insistentemente
copiosamente
abundantemente
e me leva com ela.
Encharco o corpo
raso e opaco
tão fosco que não me reconheço
não me assuto mais
com seus medos
não tenho nada a perder
nem essa alma pagã.
No espelho, os meus olhos inchados
abatidos e vazios
tão secos que tilitam.
Sem sorriso, chorei três dias
e três noites.
Sem vergonha, sem pudor
sem alma.
Chorei de amor que se mantém.

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